sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

HISTÓRIA DA UMBANDA



                                                     


No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 17 anos de idade, que preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos "ataques". Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos.

Esses "ataques" do rapaz, eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza.

Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia conhecido. Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado.

Alguém da família sugeriu que "isso era coisa de espiritismo" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa.

Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios.

O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o "seu atraso espiritual" e convidando-os a se retirarem.

Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou: _"Porque repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Será por causa de suas origens sociais e da cor ?"

Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura.

Um médium vidente perguntou: _"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?

_"Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados."

_"O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro."

Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:

_"Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.”

O vidente retrucou: _"Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:

_"Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".

Para finalizar o caboclo completou:

_"Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?"

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social.

A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto.

Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos.

O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas.

Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras:

"_ Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá."

Após insistência dos presentes fala:

"_Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nego."

Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:

"_Minha caximba. Nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque busca."

Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antonio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de "Guia de Pai Antonio".

No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.

A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.

Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das mencionadas.

Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão. Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo o que dizem parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele.
Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "_Não os aceite. Devolva-os!", ordenava sempre o Caboclo.

A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda. O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.

O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje.

Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dos trabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando, ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu – RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.

Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade – RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:

"A Umbanda tem progredido e vai progredir. É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Umbanda é humildade, amor e caridade – esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxossi, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxossi, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão. Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que saíram desta Casa. Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura, não foi por acaso. Assim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade. Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos. Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos, numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria. Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

RECEITA DE SABÃO DE ERVAS

                                             

5 LITROS DE ÓLEO DE COZINHA UZADOS
1 LITRO DE SUMO DE ERVAS A SUA ESCOLHA
1 KILO DE SODA CÁUSTICA
ESSÊNCIA A GOSTO (se preferir claro)

MODO DE PREPARO

PENEIRE O ÓLEO E ESQUENTE, RESERVE, EM UM RECIPIENTE LIMPO DISOLVA A SODA CÁUSTICA NO SUMO DE ERVAS ATÉ ELA SE DISOLVER POR COMPLETO( BATENDO SEMPRE) PONHA AGORA O ÓLEO AQUECIDO E MISTURE BEM ATÉ FICAR ENCORPADO (CERCA DE 20 MINUTOS) PONHA A ESSÊNCIA QUE PREFERIR E DEPOIS PONHA O ALCOOL AOS POUCOS POIS ELE FAZ A MISTURA SUBIR SE POR RÁPIDO DEMAIS, É NECESSÁRIO PREPARAR A FORMA COM ANTECEDÊNCIA POIS A MISTURA TERÁ A FÓRMA DESSA FORMA, ESPERE ENDURECER E SE NECESSÁRIO CORTE O SEU SABÃO NO FORMATO QUE QUIZER.

sábado, 18 de janeiro de 2014

UMBANDA DE TODOS OS SANTOS-ORIXÁ MALÉ- O PRIMEIRO OGUM DE UMBANDA


                                               
ORIXÁ MALLET:

Após cinco anos, manifestou-se um espírito de um malaio, para auxiliar ao Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antonio. Chamava-se Orixá Malet, espírito pertencente a linha de Ogum, que viera para ajudar nas curas dos obsedados e ao combate a magia negra.

Foi o espírito que trouxe do astral, a simbologia dos pontos riscados na Umbanda como magia, e, posteriormente como identificação das entidades que se manifestavam. Além disso, os ponteiros de aço para firmarem os pontos de magia que eram riscados através da pemba.

Detentor dos conhecimentos das forças da natureza, e responsável por introduzir ao culto de Umbanda as oferendas para os Orixás, ele também utilizava destas comidas para desmanchar os trabalhos de magia negra dos que buscavam ajuda na Tenda, além de alguns animais, sempre utilizados vivos em seus rituais, destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.

Comunicava-se principalmente através de gestos, sendo seus auxiliares (cambonos) que trabalhavam com ele a algum tempo os responsáveis por traduzirem o que ele estava falando aos consulentes além de Pai Antonio que trazia suas ordens.

Um dos grandes seguidores de Zélio de Moraes, o escritor Leal de Souza é uma das pessoas que melhor descreve este espírito e alguns de seus rituais e que em seu capítulo XXI o qual será transcrito na íntegra a seguir:

Cada uma das sete linhas que constituem a Linha Branca de Umbanda e Demanda tem vinte e um Orixás.

O Orixá é uma entidade de hierarquia superior e representa, em missões especiais, de prazo variável, o alto chefe de sua linha. É pelos seus encargos, comparável a um general, ora incumbido da inspeção das falanges, ora encarregado de auxiliar a atividade de centros necessitados de amparo, e, nesta hipótese fica subordinado ao guia geral do agrupamento a que pertencem tais centros.

Os Orixás não baixam sempre, sendo poucos os núcleos espíritas que os conhecem. São espíritos dotados de faculdades e poderes que seriam terríficos, se não fossem usados exclusivamente em beneficio do homem. Em oito anos de trabalhos e pesquisas, só tive ocasião de ver dois Orixás, um de Euxoce(Oxóssi), o outro de Ogum, o Orixá Mallet.

E o Orixá Mallet, de Ogum, baixou e permanece em nosso ambiente, em missão junto as tendas criadas e dirigidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Trouxe, do espaço, dois auxiliares, que haviam sido malaios na última encarnação, e dispõe, dentre os elementos do Caboclos das Sete Encruzilhadas, de todas as falanges de Demanda, de cinco falanges selecionadas do Povo da Costa, semelhantes as tropas de choque dos exércitos de terra, além de arqueiros de Euxoce(Oxóssi), inclusive núcleos da falange fulgurante de Ubirajara.

Entende esse "Capitão de Demanda", que as pessoas de responsabilidade nos serviços da Linha, necessitam, a quando e quando, de provas singulares, que lhes revigore a fé, e reacenda a confiança nos guias, e muitas vezes lhes dá, no decorrer dos trabalhos de sua direção.

Na vez primeira em que o vi, a sua grande bondade, para estimular a minha humilde boa vontade, produziu uma daquelas esplendidas demonstrações. Estávamos cerca de 20 pessoas numa sala completamente fechada. Ele, sob a curiosidade fiscalizadora de nossos olhos, traçou alguns pontos no chão, passou, em seguida, a Mao sobre eles, como se apanhasse alguma coisa; alçou a sinistra, e, abrindo-a, largou no ar duas lindas borboletas amarelas, e, espalmando a destra na minha, passou-me a terceira.

- Hoje, quando chegares em sua casa, e, amanhã, no trabalho, serás recebido por uma dessas borboletas.

E, realmente, tarde da noite, quando regressei ao lar e acendi a luz, uma borboleta amarela pousou no meu ombro, e na manhã seguinte, ao chegar ao trabalho, surpreenderam-se os meus companheiros vendo que outra borboleta, também amarela, como se descesse do teto, pousava-me na cabeça.

Tive ocasião de assistir a outra de suas demonstrações, fora desta capital, a margem do Rio Macacú. Leváramos dois pombos brancos, que eu tinha a certeza de não serem amestrados, porque foram adquiridos por mim. Colocou-os o Orixá, como se os prendesse, sobre um ponto traçado na areia, onde eles quedaram quietos, e começou a operar com fluídos elétricos, para fazer chover. Em meio à tarefa disse:

- Os pombos não resistem a este trabalho. Vamos passá-los para a outra margem do rio.

Pegou-os, encostou-os as fontes do médium, e alçando-os depois, soltou-os. Os dois pássaros, num vôo alvacento, transpuseram a caudal, e fecharam as asas na mesma arvore, ficando lado a lado, no mesmo galho.

Passada a chuva que provocara, disse:

- Vamos buscar os pombos.

Chegamos a orla do rio. O Orixá, com as mãos levantadas, bateu palmas, e os dois pombos recruzando as águas, voltaram ao ponto traçado na areia.

Príncipe reinante, na ultima encarnação, numa ilha formosa do Oriente, o delegado de Ogum é magnânimo, porém, rigoroso, e não diverte curiosos: - ensina e defende.
Exigem os seus trabalhos, tantas vezes, revestidos de transcendente beleza, a quietude plana dos campos, a oxigenada altura das montanhas, o retiro trescalante das flores ou a largueza ondulosa do mar.

Em depoimento de duas pessoas que foram seus cambonos, nos contam a seriedade e a rigidez dos seus trabalhos, no corpo franzino de seu médium, detinha de uma força incalculável, fazia coisas que seu aparelho jamais conseguiria se não estivesse com uma força superior atuando, e, sempre havia alguma surpresa como prova de fé em cada trabalho seu. Por ser um espírito precursor e necessitar provar seus “poderes”, a habilidade e a força exercidos em seus trabalhos, hoje raramente são encontrados nas tendas de Umbanda.
Orixá Malé também era o responsável pela sessão de descarga da Tenda Nossa Senhora da Piedade, onde realizava a limpeza fluídica do espaço e de seus médiuns. Essas sessões ocorriam sempre na véspera da sessão do Caboclo das Sete Encruzilhadas onde vinha dar a sua doutrina.

Segundo os estatutos da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, era o guia responsável por classificar os médiuns que entravam no quadro mediúnico da Tenda, os que estavam em desenvolvimento, que poderiam receber a fita vermelha, tornando apto a dar consultas ou ainda tornarem-se os “Babás”, sendo estes os médiuns que estariam prontos a auxiliarem na direção das sessões ou abrirem as tendas que seriam fundadas.

Foi a terceira entidade a manifestar-se em Zélio de Moraes, e como exigia muita energia do médium em seus trabalhos, foi a primeira a parar de incorporar na direção da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.