sábado, 18 de janeiro de 2014

UMBANDA DE TODOS OS SANTOS-ORIXÁ MALÉ- O PRIMEIRO OGUM DE UMBANDA


                                               
ORIXÁ MALLET:

Após cinco anos, manifestou-se um espírito de um malaio, para auxiliar ao Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antonio. Chamava-se Orixá Malet, espírito pertencente a linha de Ogum, que viera para ajudar nas curas dos obsedados e ao combate a magia negra.

Foi o espírito que trouxe do astral, a simbologia dos pontos riscados na Umbanda como magia, e, posteriormente como identificação das entidades que se manifestavam. Além disso, os ponteiros de aço para firmarem os pontos de magia que eram riscados através da pemba.

Detentor dos conhecimentos das forças da natureza, e responsável por introduzir ao culto de Umbanda as oferendas para os Orixás, ele também utilizava destas comidas para desmanchar os trabalhos de magia negra dos que buscavam ajuda na Tenda, além de alguns animais, sempre utilizados vivos em seus rituais, destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam.

Comunicava-se principalmente através de gestos, sendo seus auxiliares (cambonos) que trabalhavam com ele a algum tempo os responsáveis por traduzirem o que ele estava falando aos consulentes além de Pai Antonio que trazia suas ordens.

Um dos grandes seguidores de Zélio de Moraes, o escritor Leal de Souza é uma das pessoas que melhor descreve este espírito e alguns de seus rituais e que em seu capítulo XXI o qual será transcrito na íntegra a seguir:

Cada uma das sete linhas que constituem a Linha Branca de Umbanda e Demanda tem vinte e um Orixás.

O Orixá é uma entidade de hierarquia superior e representa, em missões especiais, de prazo variável, o alto chefe de sua linha. É pelos seus encargos, comparável a um general, ora incumbido da inspeção das falanges, ora encarregado de auxiliar a atividade de centros necessitados de amparo, e, nesta hipótese fica subordinado ao guia geral do agrupamento a que pertencem tais centros.

Os Orixás não baixam sempre, sendo poucos os núcleos espíritas que os conhecem. São espíritos dotados de faculdades e poderes que seriam terríficos, se não fossem usados exclusivamente em beneficio do homem. Em oito anos de trabalhos e pesquisas, só tive ocasião de ver dois Orixás, um de Euxoce(Oxóssi), o outro de Ogum, o Orixá Mallet.

E o Orixá Mallet, de Ogum, baixou e permanece em nosso ambiente, em missão junto as tendas criadas e dirigidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Trouxe, do espaço, dois auxiliares, que haviam sido malaios na última encarnação, e dispõe, dentre os elementos do Caboclos das Sete Encruzilhadas, de todas as falanges de Demanda, de cinco falanges selecionadas do Povo da Costa, semelhantes as tropas de choque dos exércitos de terra, além de arqueiros de Euxoce(Oxóssi), inclusive núcleos da falange fulgurante de Ubirajara.

Entende esse "Capitão de Demanda", que as pessoas de responsabilidade nos serviços da Linha, necessitam, a quando e quando, de provas singulares, que lhes revigore a fé, e reacenda a confiança nos guias, e muitas vezes lhes dá, no decorrer dos trabalhos de sua direção.

Na vez primeira em que o vi, a sua grande bondade, para estimular a minha humilde boa vontade, produziu uma daquelas esplendidas demonstrações. Estávamos cerca de 20 pessoas numa sala completamente fechada. Ele, sob a curiosidade fiscalizadora de nossos olhos, traçou alguns pontos no chão, passou, em seguida, a Mao sobre eles, como se apanhasse alguma coisa; alçou a sinistra, e, abrindo-a, largou no ar duas lindas borboletas amarelas, e, espalmando a destra na minha, passou-me a terceira.

- Hoje, quando chegares em sua casa, e, amanhã, no trabalho, serás recebido por uma dessas borboletas.

E, realmente, tarde da noite, quando regressei ao lar e acendi a luz, uma borboleta amarela pousou no meu ombro, e na manhã seguinte, ao chegar ao trabalho, surpreenderam-se os meus companheiros vendo que outra borboleta, também amarela, como se descesse do teto, pousava-me na cabeça.

Tive ocasião de assistir a outra de suas demonstrações, fora desta capital, a margem do Rio Macacú. Leváramos dois pombos brancos, que eu tinha a certeza de não serem amestrados, porque foram adquiridos por mim. Colocou-os o Orixá, como se os prendesse, sobre um ponto traçado na areia, onde eles quedaram quietos, e começou a operar com fluídos elétricos, para fazer chover. Em meio à tarefa disse:

- Os pombos não resistem a este trabalho. Vamos passá-los para a outra margem do rio.

Pegou-os, encostou-os as fontes do médium, e alçando-os depois, soltou-os. Os dois pássaros, num vôo alvacento, transpuseram a caudal, e fecharam as asas na mesma arvore, ficando lado a lado, no mesmo galho.

Passada a chuva que provocara, disse:

- Vamos buscar os pombos.

Chegamos a orla do rio. O Orixá, com as mãos levantadas, bateu palmas, e os dois pombos recruzando as águas, voltaram ao ponto traçado na areia.

Príncipe reinante, na ultima encarnação, numa ilha formosa do Oriente, o delegado de Ogum é magnânimo, porém, rigoroso, e não diverte curiosos: - ensina e defende.
Exigem os seus trabalhos, tantas vezes, revestidos de transcendente beleza, a quietude plana dos campos, a oxigenada altura das montanhas, o retiro trescalante das flores ou a largueza ondulosa do mar.

Em depoimento de duas pessoas que foram seus cambonos, nos contam a seriedade e a rigidez dos seus trabalhos, no corpo franzino de seu médium, detinha de uma força incalculável, fazia coisas que seu aparelho jamais conseguiria se não estivesse com uma força superior atuando, e, sempre havia alguma surpresa como prova de fé em cada trabalho seu. Por ser um espírito precursor e necessitar provar seus “poderes”, a habilidade e a força exercidos em seus trabalhos, hoje raramente são encontrados nas tendas de Umbanda.
Orixá Malé também era o responsável pela sessão de descarga da Tenda Nossa Senhora da Piedade, onde realizava a limpeza fluídica do espaço e de seus médiuns. Essas sessões ocorriam sempre na véspera da sessão do Caboclo das Sete Encruzilhadas onde vinha dar a sua doutrina.

Segundo os estatutos da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, era o guia responsável por classificar os médiuns que entravam no quadro mediúnico da Tenda, os que estavam em desenvolvimento, que poderiam receber a fita vermelha, tornando apto a dar consultas ou ainda tornarem-se os “Babás”, sendo estes os médiuns que estariam prontos a auxiliarem na direção das sessões ou abrirem as tendas que seriam fundadas.

Foi a terceira entidade a manifestar-se em Zélio de Moraes, e como exigia muita energia do médium em seus trabalhos, foi a primeira a parar de incorporar na direção da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.

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